sexta-feira, 14 de março de 2008

AUTO-RETRATO: Ane Carolina


Qual a sua lembrança de infância mais remota?
Fui uma menina por trás de uma vidraça – uma menina de aquário. Via o mundo passar, como numa tela cinematográfica, mas que repetia sempre as mesmas cenas, as mesmas personagens.

Onde você passou as suas férias inesquecíveis?
O que estraga as viagens, agora, é o seu rápido destino: de repente jás Pernambuco...

Qual a sua idéia de um domingo perfeito?
No céu é sempre domingo. E a gente não tem outra coisa a fazer senão ouvir os chatos. Hehe

O que você faz para espantar a tristeza?
O único problema da solidão consiste em como conservá-la.

Que som acalma você?
O silêncio.

Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa?
Clair de lune, chiaro de luna, claro de luna... jamais os franceses, os italianos e os espanhóis saberão mesmo o que seja o luar, que nós bebemos de um trago numa palavra só.

Que livro você mais cita?
Enquanto existirem leis que geram infernos em meio a civilização, enquanto homens forem humilhados, mulheres forem desonradas e crianças tiverem medo; enquanto houver pobreza, miséria e maldade na terra livros como este deverão ser publicados. Os miseráveis - Victor Hugo.

Que filme você sempre quer rever?
...devia ser proibido fazer romances depois de Diário de Uma Paixão.

Um gosto inusitado:
O que eu mais adoro, depois de uma leitura é um belo café... Não resisto!

Um hábito de que você não abre mão:
Dormir com o celular do lado.

Um hábito de que você quer se livrar:
O que eles chamam de nossos defeitos é o que temos de diferente deles. Cultivemo-los, pois, com o maior dos carinhos – esses nossos benditos defeitos.

Em que situação você perde a elegância?
O mais irritante de nos transformarem um dia em estátua é que a gente não pode coçar-se.
Jamais!

Em que profissão consegue se imaginar?
... eu sinceramente quero entrar em sintonia comigo mesmo... Ainda não sei...

Eu sou...
Como diria um grande poeta: Eu não sou eu, sou o momento: passo.

Texto preferido.
Olhos verdes... Bernado Guimarães...

Eu conheço uns lindos olhos,
Que fazem morrer de amor,
Têm a verde e linda cor
Que tem o mar em bonança.
Ai de mim, que nesses olhos
Hei posto minha esperança!

São brilhantes e formosos
Como dous astros sem véu
A sorrir em puro céu
Em noite serena e mansa.
Mas nesses astros brilhantes
Não vejo luz de esperança.

Já não creio em olhos verdes;
Olhos verdes são traidores,
São fanais enganadores,
Não inspiram confiança.
Sabem só matar de amores
Sem nunca dar esperança.

Antes nunca eu visse os olhos,
Que fazem morrer de amor,
E que têm a linda cor
Que tem o mar em bonança.
Ai de mim, que nesses olhos
Não tenho mais esperança.