quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Planeta..


Não me dava conta que não saia o sol, já era tarde o céu sempre me avisou. Por não abrir os olhos
se foi indo a cor, eu fui te perdendo me perdendo agora estou...
Já sei que te fiz mal, mas agora eu vou mudar!
Já decidi... Vou descobrir o verde deste inverno não quero mais gris.
Já decidi, eu vou descobrir é hora de cuidar e te abraçar pois você faz parte de mim...
O meu planeta, o verde, a natureza faz parte de mim!

Dia...


Você acorda de manhã trabalha, estuda, faz um monte de coisas o dia inteiro. De noite, algumas coisas dão certas, outras não, você fica uma boa parte do dia alegre e tranqüilo outra fica triste e nervoso, mas o que deve ser lembrado é que a cada parte do seu dia, DEUS esta junto com você, te ajudando, e você a cada dia antes de se deitar pra dormir pensa no que aconteceu no seu dia e diz: Obrigado Deus por mais um dia. Apesar das dificuldades que passamos, que vivemos, alegrias, decepções, sucessos, fracassos, vitórias e perdas, você sempre busca força para contornar a situação. Uma simples derrota não é o fim, se você não desistir, por isso você almeja novas conquistas, e sempre agradece a Deus, por estar junto conosco, o percurso das nossas vidas muda todos os dias, talvez não percebemos isso, MAS SIM, um simples ato no presente, pode desencadear uma grande mudança futuramente, pode repercutir de varias formas, e sem percebermos, mas sempre Deus está lá para nos ajudar, e nos guiar no caminho certo.

domingo, 12 de outubro de 2008

De eu, pra você


Invadi seu Blog, pra dizer o quanto vc faz falta quando não está comigo; o quanto gosto de ver vc mordendo seus lábios quando está comigo; como vc fica vermelha quando está zangada comigo...

Amo você, galeguinha... :D

Tio Vinnie

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Arte do regresso...


Tudo o que aconteceu no passado está agora presente como uma fogueira.
A tua ausência permanece. A árvore oscila entre o mar e a terra, os ramos quebram-se nesse vento funesto, vejo que passas com as mãos a arder e a brancura intensa a cobrir-te a cabeça.
O rosto é ainda o último refúgio...

fronteira de mim mesmo...



"Deixo o vento decidir para que lado hei-de tombar"...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis o que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

Não Creio...


Não creio como eles crêem, não vivo como eles vivem, não amo como eles amam...
Morrerei como eles morrem.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os ombros suportam o mundo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. 
Tempo de absoluta depuração. 
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil. 
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho. 
E o coração está seco. 

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, 
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer. 
E nada esperas de teus amigos. 

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? 
Teus ombros suportam o mundo 
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios 
provam apenas que a vida prossegue 
e nem todos se libertaram ainda. 

Alguns, achando bárbaro o espetáculo, 
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer. 
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. 
A vida apenas, sem mistificação.

Mãos dadas...


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente.

Canção do berço...


O amor não tem importância.
No tempo de você, criança,
uma simples gota de óleo
povoará o mundo por inoculação, e o espasmo
(longo demais para ser feliz)
não mais dissolverá as nossas carnes.

Mas também a carne não tem importância.
E doer, gozar, o próprio cântico afinal é indiferente.
Quinhentos mil chineses mortos, trezentos corpos
[de namorados sobre a via férrea
e o trem que passa, como um discurso, irreparável:
tudo acontece, menina,
e não é importante, menina, e nada fica nos teus olhos.

Também a vida é sem importância.
Os homens não me repetem
nem me prolongo até eles.
A vida é tênue, tênue.
O grito mais alto ainda é suspiro,
os oceanos calaram-se há muito.
Em tua boca, menina,
ficou o gosto do leite?
ficará o gosto de álcool?

Os beijos não são importantes.
No teu tempo nem haverá beijos.
Os lábios serão metálicos,
civil, e mais nada, será o amor
dos indivíduos perdidos na massa
e só uma estrela guardará o reflexo
do mundo esvaído
(aliás sem importância).

Inocentes do Leblon...


Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe emigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.

Ainda no enfoque da visão social, o poeta fala da riqueza: "inocentes" significa os que querem ignorar; por isto fingem e se aproveitam. Crítica à alienação dos burgueses que “tudo ignoram, ou seja, enquanto a guerra acontece", “os inocentes passam um óleo suave nas costas, e esquecem".

Privilégio do mar...


Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.
O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.
O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!
Podemos beber honradamente nossa cerveja.

Carlos Drummond de Andrade...

Os mortos de sobrecasaca (Poema da obra Sentimento do mundo).


Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,
alto de muitos metros e velho de infinitos minutos,
em que todos se debruçavam
na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.
Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes
e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.
Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava daquelas páginas.

Medo...


Provisoriamente não cantaremos o amor, 
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, 
não cantaremos o ódio porque esse não existe, 
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, 
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, 
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, 
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos 
de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

sábado, 4 de outubro de 2008

Poema patético...


Que barulho é esse na escada?
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.

Que barulho é esse na escada?
É Guiomar que tapou os olhos
e se assoou com estrondo.
É a lua imóvel sobre os pratos
e os metais que brilham na copa.

Que barulho é esse na escada?
É a torneira pingando água,
é o lamento imperceptível
de alguém que perdeu no jogo
enquanto a banda de música
vai baixando, baixando de tom.

Que barulho é esse na escada?
É a virgem com um trombone,
a criança com um tambor,
o bispo com uma campainha
e alguém abafando o rumor
que salta do meu coração.

Não se mate...

Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se. Não se mate, oh não se mate, reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe quando virão, se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico, a noite passou em você, e os recalques se sublimando, lá dentro um barulho inefável, rezas, vitrolas, santos que se persignam, anúncios do melhor sabão, barulho que ninguém sabe de quê, praquê.

Entretanto você caminha melancólico e vertical. Você é a palmeira, você é o grito que ninguém ouviu no teatro e as luzes todas se apagam. O amor, no escuro, não, no claro, é sempre triste, meu filho, Carlos, mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.

Carlos Drummond de Andrade

Sentimento do mundo...


Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,  mas estou cheio escravos,  minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Quando me levantar, o céu  estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto,  morto meu desejo, morto o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram  que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso,  anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis. Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho 
desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microcopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer, esse amanhecer mais noite que a noite.

"Sentimento do mundo" é primeiro poema e o que deu nome ao livro. Ele nos revela a visão-de-mundo do poeta: não é alegre, antes, é cheia da realidade que sempre nos estarrece, porque, por mais que sonhemos, a realidade geralmente é dura e muito desafiante".