segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Medo...


Provisoriamente não cantaremos o amor, 
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, 
não cantaremos o ódio porque esse não existe, 
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, 
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, 
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, 
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos 
de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.